terça-feira, 1 de março de 2016

Meia-Maratona de Braga 2016 - Rescaldo

Uma semana após um trail longo e dificil de 29kms, o desafio seguinte, foi num cenário bem diferente, totalmente em asfalto, na Meia Maratona de Braga. Sem objetivos ou perspetivas de records pessoais, o ínicio de prova foi bastante cauteloso. Já a recta final foi deveras surpreendente, culminando num inesperado, mas saboroso record pessoal na Meia Maratona.

O dia seguinte ao Trail da Franqueira, foi "interessante". De manhã sentia-me como se tivesse saído de um combate. Doía-me o corpo todo, sobretudo o joelho direito (a tal lesão conhecida por joelho do corredor). Mas para surpresa minha, a meio do dia as dores diminuíram.
Nesta fase, em que encaro cada treino e cada corrida quase como se fosse a última, sem expetativas de maior, estou a correr três vezes por semana (corridas incluídas). A semana anterior a esta prova, não foi exceção.
Meu segundo treino da semana, foram séries mais uma vez, 5 x 1000m, onde me senti bem. Consegui fazê-las sempre por volta dos 04:00, o que foi agradável de vivenciar.

Game plan para a prova
Chegou então o dia da prova. Estava uma manhã fria, com chuva intermitente nos últimos dias, pelo que optei por ir bem agasalhado para a prova. Fiz um aquecimento de 20min, e lá fui para o meio do poletão B, onde estavam os atletas com o objetivo de fazer a prova entre 01h30 e 01h50.
Sendo uma prova realizada na minha cidade, tinha o privilégio de conhecer bem o percurso, pelo que delineei uma estratégia que no meu entender, ia permitir-me acabar bem.
Minha última Meia Maratona tinha sido já em 2014, pelo que estava cético e receoso. Tinha receio do que 21kms a correr em asfalto, pudessem fazer aos meus joelhos. Pelo que a minha estratégia foi simples. Começar com calma, sem grandes esforços, e se as sensações fosse boas, puxar mais na parte final.

Tiro de partida
Sendo a primeira Meia-Maratona de Braga, foi bom ver tanta gente à partida. Consta que entre a Meia-Maratona e a caminhada, estavam 4.000 pessoas, o que numa cidade que até à poucos anos não tinha qualquer tradição em provas deste género, é bom de ver.
Conhecendo bem o percurso, sabia que a parte mais difícil estava na primeira metade. Deram o tiro de partida, e comecei a prova com calma, sem forçar. Por vezes dava por mim a acelerar, mas medroso, optava logo por acalmar a coisa.
 
Por volta dos 11kms, o percurso dava meia volta. Chegávamos a uma rotunda, e voltávamos para trás. Esse rotunda estava na zona de maior elevação de toda a prova, e que apanhou algunsatletas desprevenidos. Estamos a falar de um longo stint de 11kms, em que por norma está-se sempre a ganhar elevação. É um aumento lento, mas gradual. E este aumento, tem a particularidade de atingir seu pico, ao chegar a essa rotunda, ao km 11. 
Apesar de no gráfico seguinte, parecer que não é nada de especial, a verdade é que é uma subida que mói. Após a prova e em conversa com atletas que não conheciam o percurso, foi unânime a surpresa e critica de alguns, em relação ao perfil dessa parte do percurso. Por outro lado, também já conversar várias vezes com corredores e ciclistas, e todos dizem o mesmo. Algo ali existe, que puxa mais por nós do que era esperado.
Este gráfico ilustra na perfeição, a execução da estratégia que delineei. Assim que atinjo o ponto de maior elevação da prova, o meu ritmo melhora, e assim se mantém até ao final.

Ao chegar ao km11, e conhecedor das características dessa subida, optei por a fazer sem forçar nada. Depois dou  a meia volta, e como planeado, acelereo meu ritmo. Sabia que nos kms seguintes, o percurso era quase sempre a descer, ideal para ganhar e manter um ritmo mais forte. 
E assim o fiz! O primeiro km após essa rotunda fiz em 04:01. E ao ver esse tempo no relógio, tive de tomar uma decisão rápida. Tento manter este ritmo e ver até onde vai, ou jogo pelo seguro e abrando um pouco. Optei por me manter nesse ritmo. E para surpresa minha, consegui manter o ritmo até ao final. Com esforço é certo (sobretudo na parte final), mas sempre entre os 03:50 e 04:13. Recuperei muitos lugares nessa fase! Senti prazer! Não por estar a galgar lugares à geral (isso não nos diz nada),  mas por estar a correr a um ritmo bom e a conseguir manter-me nesse mesmo ritmo.


Terminei a prova com o tempo (no meu relógio) de 01:33:57. Pela organização, tive um tempo líquido de 01:33:54. Meu record pessoal nesta distância, foi obtido na Meia Maratona do Porto em 2014, com o tempo de 01:37:35, pelo que retirei quase 3 min ao meu melhor tempo, o que  foi uma  boa surpresa!

Análise à minha prestação
Como já disse, comecei a prova receoso. A treinar três vezes por semana, e sem treinar para ritmos fortes, não contava conseguir manter um ritmo elevado por muito tempo. Por outro lado, havia o receio de recaídas ao nível de lesões, até porque já não corria 21kms em asfalto há mais de ano e meio. Pelo que parti sem expetativas e cauteloso.

Fiz os primeiros 11kms, em 00:51:47, o que dava um ritmo médio de 04:47. Se fizesse a distância toda, a este ritmo, teria terminado a prova em 01:41:53.
Por outro lado, os últimos 10kms, fi-los em 00:42:10, a um ritmo médio de 04:13. Se fizesse a distância toda a este ritmo, teria feito a prova em 01:29:49.

Neste momento, seria impossível conseguir fazer  21kms, ao ritmo de 04:13, mas analisando minha prestação e sobretudo minhas sensações, acredito que fosse possível fazer um pouco melhor, quem sabe acabar na casa da 01:32:00.
Seja como for, o que importa é ter chegado ao fim em bom plano, e saber que a estratégia de começar lento e acabar forte, está a resultar. Para o futuro se conseguir reduzir o gap entre ambas as fases, melhor.

 

Muda alguma coisa para o meu futuro imediato?
A nível de experiência sim, a nível de objetivos não. Vou continuar com a mesma postura, de levar isto treino a treino, corrida a corrida e ver até onde consigo ir.
Sabe bem poder fazer as coisas que queremos, com maior ou menor dificuldade. Não há treino/corrida, que não sinta dores, e não há corrida que não fique com dores num dos joelhos. Felizmente, tem dado para recuperar rapidamente, mas com os kms e o desgaste, pode nao ser assim, pelo que prefiro continuar assim.

Que vem a seguir?
Já no próximo fim de semana, terei novo desafio. Mais uma prova de estrada, com a distância de 10 kms. Sei que é um contrasenso face ao que escrevi no parágrafo anterior, mas por ser uma distância curta, se tiver boas sensações, vou tentar melhorar meu record pessoal, à distância. 
Em 2015, a maioria dos problemas que tive, surgiam sobretudo a partir dos 10kms, e este ano, as dores, ou tensão muscular que sinto com o desenrolar das provas, costumam aparecer a partir dessa distância, pelo que acredito ter aqui uma pequena margem. Se o corpo deixar, vou tentar claro.

Boas corridas.

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